A Sociedade Nacional de Belas Artes é a associação artística mais antiga e representativa de Portugal. Fundada em 1901, teve origem anterior, na fusão do Grémio Artístico, de Silva Porto e do seu Grupo do Leão (de 1891), com a Sociedade Promotora de Belas Artes, originária por sua vez na Academia, em 1861, e primeiro presidida pelo Marquês Sousa Holstein. A sua sede, desenhada pelo Arq. Álvaro Machado, inaugurada em 1913, oferece um grande “Salon” de 50m por 15m, único na península ibérica, sendo a concretização do sonho dos primeiros ar-livristas regressados de Barbizon e de Paris no final do século dezanove.
Em 1920 a SNBA conta também com muitos sócios não artistas: comerciantes, músicos, poetas, entusiastas das artes. O ambiente é eclético, onde aulas diurnas e noturnas funcionam juntamente com mesas de bilhar e bailes de carnaval, e onde mestres como Malhoa, Veloso Salgado, Columbano, Carlos Reis, Condeixa, Roque Gameiro, Mário Augusto e outros disponibilizam gratuitamente as suas aulas aos sócios, numa tradição mantida sem interrupções até hoje, ao atual Curso de Formação Artística da SNBA.
Em abril de 1952 dá-se o encerramento sine die da SNBA pelo Estado Novo, resultado do confronto de Eduardo Malta com o jovem escultor José Dias Coelho, – que seria mais tarde assassinado na rua, pela PIDE, em 1961. Após a intervenção do velho António Conceição Silva, e de alguns sócios fundadores ainda vivos, consegue-se resgatar e reabrir a SNBA.
Aqui tiveram origem a Associação dos Arquitetos Portugueses e a Ordem dos Arquitetos, a Associação dos Designers e a Secção Portuguesa da AICA, podendo referir-se também os Cineclubes, as sessões musicais de Lopes Graça, e os grupos de teatro que aqui foram recebidos.
Professor Doutor João Paulo Queiroz, 2020
A Sociedade Nacional de Belas Artes foi agraciada por:
O edifício da Sociedade Nacional de Belas Artes conta com uma área de implantação de 1.328,14 m2, na Freguesia do Coração de Jesus.
A edificação data do início do séc. XX e trata-se de um valioso exemplar do ecletismo arquitetónico português, preconizado por Álvaro Machado, cuja expressão neo-romântica, apesar de simplificada, faz referência aos “vários revivalismos” que pontuaram o panorama arquitetónico do século XIX.
Este edifício, pelo carácter único que possui, é referenciado conjuntamente com as 140 obras de referência do século XX português na obra “Arquitetura do Século XX – Portugal”. Por outro lado, para além do valor arquitetónico indiscutível, as soluções construtivas que apresenta são pouco correntes. Essas testemunham, pela estrutura em perfis de ferro e alvenaria, os avanços que a arquitetura dos engenheiros aconselhava no final do século XIX.
No capítulo funcional, este edifício é novamente um caso pouco comum em Lisboa, porque todas as atividades para as quais foi projetado continuam vivas e a realizar-se nos seus espaços. A Sede da Sociedade Nacional de Belas Artes, por manter as suas características de origem, função e proprietário para que foi erigida, constitui um património que não é indissociável das atividades que nela se realizam.
Excerto de:
Memória Descritiva do Projeto de Execução
Obras de Remodelação da Sociedade Nacional de Belas Artes
Autoria do texto:
Arquiteto Nuno Magalhães
Arquiteto David Dionísio
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